Igor.

Igor, crinos cachos, olhos profundos, personalidade volátil.
Ele sim, amor meu
e grande...
Meu umbigo rolando pela cama, Igor dentro de mim, de todas as maneiras. Intenso, amor meu por Igor. E agora, meu doce abrigo? Perdida estou, sala, sozinha, saudade.. e enxergando sinestesias. é espectro teu assombrando minha lembrança. é incenso cheiro de mel, entorpecendo, nós chapados, Igor, o que há de errado? convulsão, confusão, caixão.. perdi meu abrigo, juízo, Igor. Verdade bem que podia não ser, aquela praga, maldita cigana lendo minha mão, Amor na tua vida com céus e terras passarão, mas tua dor não passará..não, não passará.
cantiga dominical uníssona no amplo templo, tudo girando, choros, velas e Igor, me chamando, Igor no meu umbigo..um zunido no ouvido, escuridão. Sofrimento e sina sobre a Terra. Agonia. Um doce alívio, filho nosso, Igor.
Igor, crinos cachos, olhos profundos, filho nosso, futuro de ilusão.
Ainda aqui, sim
meu amor continua e agora cresce a cada dia...

...e cada dia mais sem Igor.
Alguma coisa estava errada. Ela parava e pensava. Mas o quê. Tudo, aparentemente, em seu devido lugar, na sua ordem imperfeita. As cores de mais um dia nascendo, tão belas cores, sob[re] esse tapete, tão sujo chão...

cuidado!

vc pediu minha mão
mas ficou com um pedaço do braço
me jogou migalhas de ilusão
as sinceras mentiras, em gemidos
em pedidos
deixa?!
deixo...

e agora

Até parece!...

quem sabe depois de um tapa, matar essa charada:
eu não amo ninguém
[e te amo]
parece incrível!
respirar amor assim...
eu e nós cabendo em uma só atmosfera
teu dente no meu pescoço,
vc, vampiro de mim.
e eu chorando bem baixinho
pra deus não ouvir
e depois fazia festinha em mim mesma
recordando uma promessa
de motel
daquelas pra toda a vida...


assim me deixou, vc:
suada com sede e calor
até parece que to cheia de vc
até parece!...

Amor, versão editada.

Ela: - Diz, diz, diz...
Ele: - Eu te amo!
Ela: imagine, leitor, aberto dentes, branco sorriso, imagine bem aí!
Ele: - Obrigado por estar aqui comigo...



=D

uma porta se abre, um corpo que vai embora

Isso, uma porta se abre, um corpo que vai embora, eu já havia lido em algum lugar, ms agora não tem importância. Na dita frase não cabe o que eu sinto...um corpo indo embora, ele que nem sempre esteve aqui... Antes se estivesse morto, completamente. mas depois da ida, parece estar. Porque tudo que ele deixou são lembranças, marcas que baldes de souvinil acrílica não cobrem.
O momento já havia se anunciado, mas não nos meus ouvidos, eu sabia que tudo mudava...E enquanto ele ía, eu lavava minhas bonecas. ele parecia tão feliz e eu me sentia tão velha. As bonecas também estavam felizes com o rubor de coisa nova, mas com cheiro de mofo. Elas eram velhas e eu não estava feliz.
Passou por nós, sem despedidas. ele nunca diz nada. e eu corri para me esconder, como se ele fosse lembrar de dizer algo parecido com adeus, voltar e abraçar. ele nunca abraçava ninguém..ou, talvez tenha, mas agora eu não consigo lembrar, pq todas as recordações estão embrulhadas no meu estômago e eu sinto vontade de vomitar meu choro... mas só consigo sentir o olhar de pena das flores de plástico, num vaso esquecido dentro do banheiro.
Ele Não levou malas, mas esvaziou meu quarto. e me encheu de dúvidas, daquelas que só o tempo responde. eu me senti criança, novamente. e me escondi.
Naquela tarde, água suja, bonecas ao sol...meu pai foi embora.
Eu queria poder dizer mais coisas, até secar toda a água dos meus poros, até secar qualquer coisa a dizer sobre o assunto pra não ter que falar nunca mais. As flores de plástico me escutam, atentamente...mas eu, apenas, não consigo.
Meu pai foi embora, enquanto as novas velhas bonecas secavam ao sol
enquanto eu me transformava em criança e chorava escondida
e abriu ainda mais o meu vazio
e não levou nada... nada...

No dia em que meu pai foi embora, e desde este dia, eu tive medo do tempo.

Naquela tarde, eu tive medo do escuro.

Louca (ou ódio!)

instalei os explosivos, vai voar vc pr todo lado.


seu sangue chuvendo na cidade inteira, na minha casa, nas minhas roupas no varal, em todo mundo que estiver desprotegido, seu sangue, em grossos pingos, caindo do céu e lavando a cidade, o país.

Uma contaminação de vc, no mundo, uma epidemia. Seus restos infectados, vc um câncer da vida, uma doença sem cura. qualquer coisa apodrecida por causa do teu mortal resto, feito ácido. pessoas gritando e aterrorizadas, vendo o mundo envolto numa nuvem tenebrosa, sim, vc contaminou o ar. vc destruiu a Vida. vc botão vermelho, e eu apertei sem querer...sem querer...

E o mundo inteiro definhando, e vc vivo corrosivo dentro de cada um, e por isso todos morrendo, por um, um. de alguma forma ativo, vc, culpa minha, culpa minha.




Maldita hora que explodi vc dentro da minha imaginação!
Maldita hora que eu te inventei!

o (não) estar do corpo

O bloco da solidão carnaval passando na minha rua
Alucinação punkhardcore sacudindo dentro da minha cabeça
pesadelo agonia acelerando o compasso de minha pulsação
o silêncio dos meus olhos camuflado na algazarra da multidão.


maravilhailusão

e o que mais Eles querem?

o que mais eu deveria ser?
além de todas as desculpas
escorrendo em farrapos
pela minha voz suja


o que mais eu deveria dizer?
além das minhas atitudes
miúdas e mesquinhas
recheando minha existência nula


o que mais eu devia escrever?
além dos sonhos arruinados
pela minha incapacidade
de realizar


e o que mais Eles querem?
além de meu sangue impuro
alimentando um dna cansado
que me torna
demasiadementemente
Humano...

uma caixa de saudade

mal sabia ela que hoje pulsa a saudade nessa caixa de coração..
fez o instante e ela capturou todas as fotografias, hoje, uma aquarela da saudade.
eu não sou o único, leitor, vc não conhece, não sabe, mas é o que vinha tentando lhe dizer nessas últimas algumas tantas horas antes do salto, no infinito, dela, na loucura:
de suas cores os sorrissos, mais do que eu nunca acreditei um dia poder guardar, tudo comigo está
Agora
saudade guardo, em molduras polaroid, dentro meu coração de caixa.
Voar
ela parecia saber ela sempre quis
aqui, nós, meras lembranças de um ontem colorido.
assim, ela, mergulhada na minha caixa de saudade.



Amantes...

Vem cá, amor, deixa eu te contar um segredo.

A boca dele vai chegando perto do ouvido dela e começa a sussurrar. Gargalhadas, de repente. Disparam. Espera, deixa, amor own...O riso movimenta os corpos, dissimula as intenções [quase secreta] de estar juntos, assim, vontade uma.

e o casal de um só desejo rola no colchão
e no chão...

Vento da Praia

Em frente ao mar, ela, parada.
O braço moreno esperando aquele que a alma desejava envolver num elo de carne e pelo. A voz doce ao pé do ouvido, a tranquilidade da outra alma, o corpo masculino, ele.
Teu cheiro flui no ritmo da brisa, bagunça meus cabelos. Te escondes por entre as madeixas dessa ilusão tu. Não se demore, a luz se vai, eu te espero.
Mas ele não foi.
Ele não veio, chorava. No escuro da praia, por entre o vento, vagavam soluços, perdiam-se.
E tudo ganhou aquele tom, pôr-de-sóis.
E tudo se dissipou no ar revolto, ilusão.
Era o que tinha, apenas, ela.
Hoje, pequenos redemoínhos, os soluços-fantasmas, a praia engolida pelo perdido. Sobre a areia se move uma saudade, escrevendo dor, registrando solidão.
Ali morreu um Amor...

Dissimulada

Carência?! não..ela é que bem sabe disfarçar.
Fica lá, de canto, escorada na porta, com aqueles olhinhos miudinhos.
Silêncio, tanto.
Mas, dentro daquela mente insana borbulham idéias soberbas; daquele corpo, pinga fogo enquanto dança, queima, e nem dá pra especular aonde tá a chama. Apenas os olhos cintilantes, lânguidos; copo na mão esquerda e cigarro entre as pontas dos dedos. Boca fumaçando, não se engane, o fogo ainda crepita.
e o álcool abrindo caminho, corpo recebendo combustível..propiciando a explosão...

E ela vai lançando faíscas, enquanto dissimula solidão.

O marechal do ar.

pernas magras, corpo quase esquálido, pálida e suja tez, cor de lama. Lá vinha o marechal do ar, com sua aeronave, sua arma de guerra, na batalha aérea das cores. O azulado de Teresina ganhava, além das cores, olhares centrados na distância, atenção na caçada infantil. De repente, aos montes, os muleques corriam, tresloucados, na direção da pipa que caía, devagar, quase sem querer cair. Mas o marechal, impávido, lá estava a comandar sua nave multicolorida..e ele sabia, certo como os ventos de agosto enfraquecem, que outras batalhas viriam, menos coloridas.
Triscô!
Triscô!
Triscô!
A meninada corria e disputava em terra. Mas marechal continuava no ar.

sim, continue, por favor.

assim como a chuva vai molhando a terra triste, como as tardes amenas a dormir abraçados, porém sem fazer tanto calor. sim, Vida, assim continue, permaneça tranquila, me equilibra na tênue linha do tempo. olhando nos teus olhos, pode ser minha imagem refletida, tão doce, assim, fixa.
equalize essa frequência, dançe nesse ritmo, flua na lascívia, aproximando as vontades. seja! faça, e nos refaça, sempre, felicidade. pulse. faça essa magia existir, nos permita.
continue!
não pare, vai. vamos!
somos uma só voz, vontade de viver.
dois olhares num mesmo olho. teu cheiro, vivo, me invadindo pela respiração, levitando em meus pulmões.


respiro!

bem Amada, Solidão


noos juntos, no salão ,no instante da solidão. os vaga-lumes vagabundos, precisamente, pairam sob o breu, descortinando o ar, num voo desguiado, brilhando, apenas.O sileencio cortado pelo ruiido da realidade. Confesso, imaginava-te distante leeguas, entretanto, me apareces aqui, e me daas o conforto, certamente, errante, mas apenas o suficieente.
qualquer lugar de onde o céu acaba, permaneces. e brilha. brilha, linda. Aonde no corpo aprega, congelas, pois nada fica ileso do teu toque. na sequeencia, corre a noite, e fica alta.distante demais...
esse clima primaveril, aqui, com vocee, noos, apenas, aa soos..assim, descontraídos. eu canto tua presença, nessa vontade insana de cantar. emudeço, dormindo, dor em mim. deitados, noos na areia e no tapete, em dois, corpo a corpo, numa soo mente, somente.
isso parece acabar, nunca, Solidão, noos dois, um duo em dois.

Purificação.

Lábios carnudos, voluptosamente, movendo-se, deixando-se, às vezes, a língua se revelar por trás dos dentes brancos. Ele sabia que ela mordia forte, arrepiava-se, macia marca, invisível.
Armadilhas da evolução, como toda fêmea as utiliza, ela, puta e santa, jogava o jogo e ele seguia sem contestar, sentindo, confortavel, a lascívia fazer seu sangue percorrer pelo corpo e a natureza a se cumprir...e, depois, como estar absorto num delírio, rasgava suas vestes, respirava a feminina tez, sentia o calor vindo de dentro do corpo alheio, degustava a veludosa voz através do sussurado
...ela gemia, sorria, ele percebe um corpo cansado, agora, admira-a entre os fios de fumaça, a água escorrer pelas pernas, o banho, a santa.


Hoje sente-se purificado.