alone again...

o vento forte que espalhava a chuva, molhava o chão de azulejos cor de marfim...as gotas misturavam-se ao pó e deixavam manchas no piso. Sentada, inerte ela observava o balançar das pequenas árvores de seu jardim. O temporal ñ apagou a claridade, e ainda havia uma penumbra denunciando que ainda era cedo... Cedo pra quê?
Com as pernas inclinadas sobre a mesa de centro, suas pupilas se dilatavam ao perceber a silhueta de coração que as folhas de buguevilhas tinham.. tanto tempo a observar as sutilezas nas plantas, tantas vezes as acariciava e nunca havia reparado nesse detalhe. Talvez via desenhos de coração em tudo, até no reboco que desgrudava da parede. Fechou os olhos como se fugisse e abria-os de sobressalto, como se tivesse sido pega!..o cheiro da água pura, terra molhada e um bichinho movia-se invisível aos olhos...
Sozinha de novo!..ansiou por aquele momento...liberdade na sua mão esquerda!
mas faltava uma coisa...e ela ñ sabia o q..
Pensou q dizendo ñ pra tudo, iria receber de volta aquilo q tinha, mas nem sabia o nome, nem definir, nada!...jogo perdido; entregou suas esperanças valiosas pro larápio... tarde demais... nada volta, nunca!!!

Eu não quero escrever uma Novela

Amor escorre por entre os dedos e os fios do vestido de cambraia macia... Sem muitas descrições, justificativas ou explicações: ele, simplesmente, dorme!..e acorda em outra situação....num lugar abandonado, cheio de luz nas trevas das crises existenciais. Lá foi inventar de acordar esse doido!
beija-boca, beija-boca...nossas bocas coladas por desejo que cala, e depois o silêncio impera!Precisa-se de personagens, enredo, clímax e fim!..
Tem algo desandando a mistura, azedando a porção no caldeirão...
detesto triângulos, todos eles!..quero um par de números ímpares, menos o 3!
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eu ñ vou escrever essa novela...
a tarde
um brinde
a noite
você finge
enigmas
em olhos de pedra
esfinge
pedra-sabão
e ninguém pra passar nas minhas costas...
água que desce quente do céu
chuva de meio-dia
meia luz, meio mentiras
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cansei das sinceras!
Foi na igreja, ajoelhou, pediu perdão... Nem sempre é fácil suportar o peso da cruz!
as lágrimas que ardem são as que escorrem dentro, na essência do ser.. Entretanto, não rezou.. os olhos fechados, a fronte reclinada, as dores físicas..sim!pq as dores da alma também são físicas!
Tantos julgamentos, tantas pedras atiradas pelos "sábios"..teto de vitral, castelos em ruinas e sonhos despertados em forma de pesadelo...
Silêncio ás vezes incomoda.. e no templo do Sagrado soava apenas murmúrios de lamentação..
Vontade de culpar o outro...queria saber a verdade do mundo, ñ o segredo da vida..

tentando dormir..mas o sono ñ vem

se eu fechar os olhos
tua cara me aparece
pregada estática
nas paredes de minha memória
um olho teu diz que sim
o outro nada diz
teu canto da boca inclina
desperta teu cheiro aqui no meu lençol
ironia não?!
sem conseguir dormir
pregando os olhos e abrindo a muito custo
e te desejando um sono de bebê
a paz dos inocentes
no limbo tem confusão
somos todos inocentes..menos eu!
teus pêlos e o arrepio que sobe na minha espinha
o molhado da tua boca
misturado com meu mel
teu olho no meu, minha letra em teu ouvido...
... é.... vc conseguiu... e nem sabe
e nem te importa!!!
bate a porta, na minha cara descolada
os cacos ladrilham meu caminho.... [como nas canções de ciranda]
Tentando dormir, mas o sono não vem
minhas lembranças [só minhas] fazem travesseiro
incômodo sob minha cabeça
transas mágicas
numa tarde inteira troca de flúidos
no resto da semana, as tardes no fundo da cartola
o mágico é q tem sorte!
uma sinapse puxa a outra
num ritmo insano e tosco
mas o sono não vem
o sono não vem
não vem
...